A menopausa é um processo natural que ocorre na vida de todas as mulheres conforme a idade vai avançando. Infelizmente, esse período ainda é muito associado a sentimentos negativos. Valorizam-se muito as mudanças corporais, a diminuição da libido e outras questões. Mas é fundamental que nós, mulheres, valorizemos também as conquistas que vêm com a idade. Uma das mais significativas é a maior experiência de vida, que nos favorece tanto na esfera pessoal quanto na profissional.
Além disso, estamos vivendo cada vez mais, e conforme nossa expectativa de vida vai aumentando, mais tempo da nossa existência passaremos no período pós-menopausa. Por isso, é importante compreender essa fase e buscar um estilo de vida saudável para que possamos viver mais e melhor. Se você entende e se prepara para esta transição, poderá vivê-la de forma muito mais plena e com mais disposição para se dedicar ao que te faz feliz.
Se você está se aproximando da menopausa ou se já está vivendo o período pós-menopausa, este texto é para você!
O que você verá aqui:
Sobre a menopausa:
- O que é menopausa?
- O que é perimenopausa?
- Porque a menopausa acontece?
- Quais mudanças corporais ocorrem com a chegada da menopausa?
- Quais mudanças comportamentais ocorrem com a chegada da menopausa?
Sobre a terapia hormonal:
- Quando pensar em terapia hormonal?
- Existe contraindicação para terapia hormonal?
- O que fazer caso eu não possa usar terapia hormonal?
- Além dos remédios, o que mais posso fazer para ter mais saúde após a menopausa?
O que é menopausa?
A menopausa é definida como a última menstruação da vida da mulher. Estabelecemos o dia da menopausa de forma retrospectiva, após 12 meses seguidos sem menstruar.
O que é perimenopausa?
A perimenopausa é o período em que se iniciam os primeiros sintomas da transição menopausal e se estende até o primeiro ano após a menopausa.
Porque a menopausa acontece?
Para entender porque a menopausa acontece, você precisa entender um pouco sobre a função dos ovários no seu corpo e sobre a reserva ovariana.
Nos ovários existem pequenas estruturas chamadas de folículos ovarianos. Cada folículo ovariano tem a função de guardar um óvulo. Além disso, durante a fase reprodutiva da sua vida, os folículos produzem hormônios como estrogênios, progesterona e androgênios (como a testosterona).
Os óvulos, bem como os folículos, vêm em quantidade limitada: as mulheres já nascem com uma determinada quantidade de óvulos e esse estoque vai diminuindo ao longo da vida. Num determinado momento (em média aos 50 anos de idade), esse estoque chega a um nível muito baixo, e como consequência, a menstruação não vem mais.
A diminuição crítica da quantidade de folículos também faz com que a produção hormonal ovariana diminua na mesma proporção. Essa queda hormonal, em especial a do estradiol, é um fator (mas não o único!) responsável pelas mudanças que ocorrem após a menopausa.
Cada mulher vivencia esse novo perfil hormonal de forma diferente: enquanto algumas não sentem praticamente efeito algum, outras sofrem com ondas de calor, insônia, secura vaginal, entre outros. E é por conta dessa diversidade que a avaliação da mulher na perimenopausa e na pós-menopausa precisa ser individualizada e focada nas necessidades, realidade e expectativas de cada uma.
Além deste processo natural, a menopausa pode ser consequência de tratamentos médicos como cirurgias, quimioterapia ou radioterapia.
Quais mudanças corporais ocorrem com a chegada da menopausa?
1. Irregularidade menstrual
Próximo da menopausa, o intervalo entre as menstruações aumenta, podendo chegar a 60 dias ou mais. Pode começar a ocorrer sangramento de maior volume que o habitual.
2. Ondas de calor
As ondas de calor (ou fogachos) são uns dos sintomas mais comuns da perimenopausa/menopausa. Caracterizam-se por uma sensação de calor intensa e súbita na parte superior do corpo. Podem vir acompanhadas de vermelhidão facial, suor, tontura e palpitações (“batedeira no peito”). Podem ocorrer à noite, sendo causa de despertares noturnos e insônia.
3. Secura vaginal
A diminuição da produção de estrogênio pelos ovários leva a diminuição da lubrificação vaginal, ao afinamento da mucosa vaginal e a diminuição da produção de colágeno.
Isso tudo leva ao processo de atrofia genital, marcada pela perda de elasticidade e maior fragilidade da pele e mucosas da região íntima.
A atrofia pode se manifestar por coceira ou ardor na região íntima, pela incontinência urinária (dificuldade de segurar o xixi) ou pela dificuldade de lubrificação e dor durante a relação sexual.
4. Alterações de pele e cabelo
A diminuição da produção de colágeno faz com que a pele fique menos elástica e mais ressecada. Pode haver mais queda ou afinamento dos cabelos.
5. Mudança de composição corporal
O estradiol é muito importante para a manutenção da massa óssea. Após a menopausa a massa óssea começa a cair de maneira mais acelerada, aumentando o risco de osteoporose. Da mesma forma, tendemos a perder massa muscular e a acumular mais gordura, principalmente na região abdominal.
Quais mudanças comportamentais ocorrem com a chegada da menopausa?
1. Insônia
Pode haver mais dificuldade para iniciar ou para manter o sono durante toda a noite, gerando aquela sensação de cansaço no dia seguinte.
2. Oscilações de humor
Irritabilidade e nervosismo também são comuns.
3. Depressão
Nota-se um aumento de sintomas depressivos entre as mulheres na perimenopausa/menopausa. Ainda não sabemos ao certo o que influencia este processo: as mudanças hormonais em si ou as outras alterações que vem com a menopausa e que interferem na qualidade de vida como um todo (como as ondas de calor, insônia, etc.).
É importante saber que muitas dessas mudanças são multifatoriais, ou seja, são consequência de diversos fatores, sendo praticamente impossível isolar um só. Isso quer dizer que, na maioria das mulheres, a mudança hormonal que ocorre após a menopausa não explica sozinha essas mudanças. O contexto de vida também exerce influência importante, com destaque para aposentadoria e preocupação com finanças, saída dos filhos de casa, cuidados com pais idosos, entre outros.
Quando pensar em terapia hormonal?
Uma das principais dúvidas das mulheres na perimenopausa e após a menopausa é sobre a necessidade ou não de fazer terapia hormonal (chamada antigamente de “reposição hormonal”).
Nem todas as mulheres precisam fazer este tipo de tratamento, existindo algumas indicações principais:
1. Ondas de calor
As ondas de calor, ou fogachos, são a indicação mais clássica de terapia hormonal. Em geral este é o tratamento mais eficaz.
2. Atrofia genital
A terapia hormonal é muito eficaz na melhora da atrofia, principalmente se iniciada cedo, quando surgem os primeiros sintomas.
3. Prevenção de osteoporose e de fraturas
A terapia hormonal é eficaz na prevenção de osteoporose após a menopausa bem como das fraturas decorrentes dela, sendo indicada nas mulheres com risco alto para fraturas por osteoporose.
Existe contraindicação para terapia hormonal?
Sim, existem algumas contraindicações. As mais comuns são:
- Hipertensão (pressão alta) não controlada
- Histórico pessoal de câncer de mama ou presença de lesões precursoras de câncer de mama
- Histórico de pessoal de câncer de endométrio
- Histórico de trombose
- Doença coronariana (problemas nas artérias do coração que aumentam o risco de infarto)
- Doença cerebrovascular (problemas nas artérias que levam sangue até o cérebro e que aumentam o risco de derrame, por exemplo)
O que fazer caso eu não possa usar terapia hormonal?
Em casos de ondas de calor, usamos como segunda opção de tratamento medicações das classes dos antidepressivos ou dos anticonvulsivantes, que também têm mostrado benefício. Além disso, é importante manter o peso corporal adequado e evitar cafeína e cigarro, que aumentam a frequência e intensidade dos fogachos.
Para a secura vaginal, podem ser usados como alternativa o óleo de coco ou azeite de oliva. Os hidratantes vaginais, como os que contém ácido hialurônico, também são boas opções.
Além dos remédios, o que mais posso fazer para ter mais saúde após a menopausa?
Exercícios físicos
Os exercícios físicos protegem contra doenças cardiovasculares (como infarto e derrame), alguns tipos de câncer, contribui para a saúde mental e prevenção de demência, além de melhorar a qualidade de vida e promover bem estar. Pensando na pós-menopausa, os exercícios são fundamentais para manter o condicionamento físico, mobilidade, equilíbrio e força, que te darão independência ao chegar à terceira idade.
O recomendado para adultas é fazer pelo menos 75 minutos de atividade física intensa ou pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana. Além dos exercícios aeróbicos é importante incluir treinos de força (como a musculação). As atividades de fortalecimento muscular são essenciais para manter massa muscular e massa óssea, que tendem a diminuir com a idade.
Se você chegou até a menopausa e nunca praticou exercício físico de forma regular, saiba que nunca é tarde demais para começar! Sair do sedentarismo e começar a fazer exercícios traz benefícios em todas as fases da vida. O ideal é começar aos poucos, com atividades mais leves e buscando fazer o que te agrada mais.
Além disso, se você é iniciante, procure avaliação médica antes de iniciar atividade física. Recomenda-se também orientação de um profissional de educação física para melhor planejamento dos treinos e prevenção de lesões.
Alimentação saudável
Assim como os exercícios físicos, uma boa alimentação é um dos pilares de uma vida saudável.
Tente fazer com que a sua dieta do dia a dia seja composta majoritariamente por alimentos in natura ou minimamente processados. Estes são os alimentos consumidos na forma como vieram da natureza ou que passaram por processamentos como moagem, secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração ou congelamento, sem adição de substâncias.
Minimize o consumo de alimentos processados, que são aqueles que passam por um processo de adição de substâncias como açúcar e sal. Exemplos são as conservas, carnes secas e enlatados.
Evite alimentos ultraprocessados, como biscoitos, guloseimas, macarrão instantâneo, salsicha, embutidos, etc. Eles costumam ser ricos em calorias, à custa de açúcares e gorduras. Uma dica é sempre olhar a lista de ingredientes: se tiver um alto número de ingredientes e componentes que você não usa na comida feita em casa, como aromatizantes, corantes e conservantes artificiais, provavelmente se trata de um alimento ultraprocessado.
Tenha uma dieta rica em cálcio, mineral essencial para a saúde óssea e prevenção de osteoporose e fraturas. Como exemplo de alimentos ricos em cálcio temos leite e derivados (como iogurte natural e queijo branco), sardinha, amêndoas, castanha do pará, salmão, espinafre, tofu, amendoim, couve e brócolis.
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