Dispositivos intrauterinos (DIUs)

Os dispositivos intrauterinos, mais conhecidos pela sigla “DIU”, são métodos anticoncepcionais reversíveis de longa duração. São dispositivos pequenos, que como o próprio nome diz, são inseridos dentro do útero e tem função de evitar gravidez. 

O que você irá encontrar neste texto:  


Quais são os tipos de DIU?

Os DIUs podem ser divididos em não-hormonais e hormonais. Os DIUs não-hormonais são aqueles que não têm nenhum hormônio na sua composição. Os DIUs hormonais liberam um hormônio chamado levonorgestrel dentro do útero. 

DIU não-hormonal

Os DIUs não-hormonais podem ser de dois tipos: o DIU de cobre e o DIU de cobre com prata

DIU de cobre

O DIU de cobre é constituído por plástico envolto parcialmente por cobre. O DIU libera pequenas quantidades de cobre dentro do útero de forma contínua. O cobre afeta a movimentação dos espermatozóides, diminuindo a chance dele se encontrar com o óvulo. Assim, o DIU de cobre impede a fecundação, mas não interfere com a ovulação. 

É eficaz?

É um método altamente eficaz, com eficácia de mais de 99%.

Quais são as opções de DIU de cobre existentes no mercado?

  • DIU de cobre “clássico”, em formato de T: com duração de 10 anos.
  • DIU de cobre em formato de ômega, ou ferradura: tem um formato diferente, que segundo os fabricantes diminui a chance de expulsão: duração de 3-5 anos, a depender do modelo.

DIU de cobre com prata

O DIU de cobre com prata funciona de forma semelhante ao DIU de cobre. A diferença é a adição da prata ao dispositivo, que faz com que a liberação do cobre seja mais lenta e gradual.

É eficaz?

A eficácia é semelhante à do DIU de cobre, maior que 99%.

Quais são as opções de DIU de cobre com prata existentes no mercado?

  • DIU de cobre com prata em formato de Y: duração de 5 anos.
  • DIU de cobre + prata em formato de Y mini – bom para úteros de volume menor, como no caso das mulheres que nunca engravidaram: duração de 5 anos.

Tem algum efeito colateral?

Sim. Os principais efeitos colaterais dos DIUs não-hormonais são aumento da intensidade da cólica menstrual e aumento do fluxo menstrual. Estes efeitos ocorrem principalmente nos primeiros três a seis meses de uso e tendem a melhorar com o tempo na maioria dos casos.

DIU de levonorgestrel (DIU hormonal)

Os DIUs hormonais são aqueles que têm levonorgestrel em sua composição. Os dispositivos vão liberando pequenas quantidades de levonorgestrel de forma contínua dentro do útero.

O levonorgestrel é um hormônio que deixa o endométrio (camada interna do útero que descama durante a menstruação) mais fino, além de deixar o muco cervical mais espesso, dificultando a subida dos espermatozoides até o útero. O levonorgestrel também afeta a movimentação dos espermatozoides dentro do útero. Em uma minoria das mulheres, o DIU hormonal pode inibir a ovulação.

É eficaz?

Sim, são métodos altamente eficazes, com taxa de falha de até 0,2% ao ano.

Quais são os tipos de DIUs hormonais disponíveis?

  • Mirena® (52mg de levonorgestrel): duração de 5 anos no Brasil.
  • Kyleena® (19,5mg de levonorgestrel): duração de 5 anos. Menor que o Mirena, a sua inserção e uso podem ser mais confortáveis.

Tem algum efeito colateral?

Sim. O principal efeito colateral associado aos DIUs hormonais são os sangramentos irregulares chamados de “escapes” ou “spottings”, que ocorrem principalmente nos primeiros 6 meses de uso. Também pode ocorrer sangramento prolongado ou até mesmo a ausência de sangramento menstrual, chamada de amenorreia.

Cólicas e acne também são efeitos colaterais comuns.

Quem pode usar DIU?

O DIU é um método contraceptivo que pode ser utilizado em todas as fases da vida reprodutiva da mulher.

Pode ser utilizado na adolescência, por mulheres que nunca engravidaram ou que nunca tiveram filhos.

Mulheres que já deram à luz, seja por parto vaginal ou cesariana, também podem usar DIU. Inclusive, o DIU pode ser inserido logo após o parto.

O DIU pode ser usado como método contraceptivo por mulheres na perimenopausa também.

Quem não pode usar DIU?

Algumas contraindicações mais comuns para o uso de DIU são:

  • Infecções não tratadas do trato genital, como infecções uterinas ou vaginais
  • Alterações graves de Papanicolau
  • Suspeita de câncer de colo do útero ou câncer de colo do útero confirmado
  • Tumores que dependem dos hormônios progestagênios para se desenvolverem, como alguns tipos de câncer de mama (somente para os DIUs hormonais)
  • Sangramento uterino anormal ainda sem diagnóstico
  • Alterações uterinas que distorcem a cavidade endometrial

O DIU além da contracepção

Além da contracepção, o DIU Mirena® pode ser utilizado também para o tratamento de alguns problemas ginecológicos como:

  • Fluxo menstrual excessivo
  • Adenomiose
  • Endometriose

Além dessas indicações, o DIU Mirena® pode ser usado por mulheres que fazem uso de terapia de reposição hormonal com estrogênio, para prevenção de hiperplasia endometrial.

Como é feita a colocação do DIU?

Se você está considerando usar DIU, é super importante saber como esse procedimento é feito. Isso vai fazer com que você chegue mais preparada para o procedimento e fará com que você perceba que ele é menos assustador do que você imagina.

Primeiros passos

Antes de colocar o DIU, fazemos uma consulta para entender se o DIU é realmente a melhor opção contraceptiva para o seu caso. Além disso conversamos sobre seus ciclos menstruais, fluxo menstrual, preferências e outros aspectos para definir qual o melhor tipo de DIU para você.

Na consulta, fazemos o exame ginecológico para avaliação do colo do útero e coleta de Papanicolau, se necessário. Pode ser feito também um exame de toque para identificarmos a posição do seu útero.

São solicitados alguns exames como ultrassonografia transvaginal, Papanicolau e exames de sangue.

Se tudo está ok, agendamos a inserção do DIU.

O dia da inserção

A inserção do DIU é um procedimento ambulatorial. Isso quer dizer que ele pode ser feito no consultório. Mas em alguns casos podemos fazer no centro cirúrgico, sob sedação (um tipo de anestesia que faz você dormir profundamente, mas mantém a sua respiração espontânea).

Em geral indicamos a colocação de DIU no centro cirúrgico em casos de doenças com risco aumentado para colocação no consultório como algumas doenças cardíacas, em casos de estenose (estreitamento) de colo ou se você não tolerar dor e precisar de anestesia.

Tanto no consultório quanto no centro cirúrgico, a colocação do DIU pode ser feita em qualquer período do ciclo menstrual, desde que consigamos descartar gravidez. A colocação menstruada é muito comum, porque além de sabermos que não há gravidez, durante a menstruação o colo do útero se dilata um pouquinho, o que pode fazer a colocação mais confortável

Inserção no consultório

No consultório, não é necessário jejum nem preparo prévio. Só evitar refeições muito pesadas logo antes do procedimento. Não é necessário acompanhante. Podemos prescrever uma medicação para dor para ser tomada de 15 a 60 minutos antes da inserção do DIU.

O procedimento é feito na posição ginecológica. Será feito o exame de toque vaginal para sabermos a posição do seu útero. Depois é introduzido o espéculo (o mesmo aparelhinho do Papanicolau) e é feita uma limpeza do colo do útero com um líquido antisséptico e gaze.

Após a limpeza, pode ser feita uma anestesia local com injeção.

Depois disso, é feita a inserção do DIU, em quatro passos:

  • Pinçamento do colo do útero com Pozzi
  • Medida do útero com histerômetro
  • Colocação do DIU
  • Corte do fio do DIU
  • Retirada do Pozzi e contenção de eventuais sangramentos

Todo o procedimento dura no máximo 30 minutos. A maioria das mulheres sente uma dor semelhante a uma cólica menstrual forte durante o procedimento. Como a percepção de dor é muito individual, a intensidade da dor varia muito de mulher para mulher, sendo rara uma dor intensa o suficiente para impedir a inserção do DIU.

Inserção no centro cirúrgico

Se a colocação for no centro cirúrgico, com sedação, pedimos que chegue ao hospital com pelo menos oito horas de jejum. O procedimento é feito com anestesia, de forma que você não sentirá dor. A inserção segue os mesmos passos da colocação em consultório, com necessidade de dilatação do colo em alguns casos. É recomendado levar um acompanhante se a colocação do DIU for feita sob sedação.

Após a inserção

Após a colocação no consultório, você é liberada imediatamente, se estiver bem.

Se for feita no hospital, com sedação, a alta hospitalar geralmente ocorre de três a quatro horas após o procedimento.

No dia da inserção, é comum ter um sangramento discreto por via vaginal (um protetor de calcinha é indicado). É bom evitar esforço físico excessivo no dia. Após 24 horas, pode seguir com seu dia a dia normal e está liberada inclusive relação sexual.

Normalmente marcamos um retorno em um mês com um ultrassom para checar o posicionamento do DIU. Depois, esse controle pode ser anual.

Perguntas frequentes sobre o DIU

  • O DIU interfere na capacidade de engravidar após removido?

Não, o DIU só impede a gravidez enquanto está sendo utilizado. Após removido, o DIU não tem qualquer interferência na fertilidade da mulher.

  • Quanto custa colocar DIU?
  • Se eu quiser retirar o DIU antes da validade, é possível?

Sim, se você quiser engravidar ou se quiser retirar o DIU por qualquer outra razão, a retirada pode ser feita a qualquer momento. É um procedimento rápido e muito simples de ser feito no consultório.

  • O DIU interfere na relação sexual?

Normalmente o fio do DIU não é sentido durante a relação sexual. Se isso acontecer, procure avaliação médica para saber se o DIU está corretamente posicionado.

  • Depois de quanto tempo após colocar o DIU posso ter relação sexual?

Você pode ter relação sexual 24 horas após a inserção do DIU. Recomenda-se uso de preservativo pelo menos até o primeiro retorno, quando é feita a confirmação do posicionamento correto do DIU.

  • Posso usar absorvente interno, disco ou coletor menstrual usando DIU?

Sim, pode. Mas é preciso ter cuidado para não puxar os fios do DIU, que pode levar a deslocamento ou remoção acidental do dispositivo.

  • Quais são os riscos da colocação do DIU?

As complicações da inserção do DIU são raras, sendo as principais:

  • Perfuração do útero
  • Infecção pélvica
  • Sangramento excessivo

Durante a colocação do DIU sem anestesia, algumas mulheres podem ter tontura ou sensação de desmaio (reflexo vaso-vagal). Na maioria das vezes, um repouso deitada já alivia os sintomas.

  • Quais são as possíveis complicações do uso do DIU?

As complicações mais comuns são as alterações de fluxo menstrual, que pode se tornar excessivo ou prolongado a depender do tipo de DIU. Podem ocorrer sangramentos entre as menstruações. Na maioria das vezes, há melhora após um período de 3 a 6 meses após a inserção.

Nos casos dos DIUs hormonais pode ocorrer diminuição do fluxo menstrual, menstruação irregular ou até mesmo ausência de menstruação.

A presença dos DIUs também podem provocar cólicas.

Em alguns casos, pode ocorrer deslocamento ou até mesmo expulsão do DIU, devido a contrações da musculatura uterina.

Os fios do DIU podem adentrar o canal endocervical, tornando a retirada em consultório mais difícil. Nesses casos, podemos utilizar uma pinça específica para a remoção e, em caso de insucesso, recorrer a um procedimento chamado histeroscopia para a remoção.

Complicações raras do uso do DIU:

  • Perfuração do útero
  • Gravidez ectópica

 

Quer saber mais?

Você tem interesse em usar DIU, tem dúvidas e quer saber se este método é indicado para você, entre em contato conosco clicando no botão abaixo para agendar uma consulta.
Será um prazer atendê-la!

Dra. Carolina Kowes
Ginecologista

CRM-SP 185815 – RQE 95443